Seguir um
processo criativo, muitas vezes, parece algo oposto ao pensamento que
geralmente se tem sobre a criatividade em si. Muitos enxergam criatividade e
inovação como algo inato e o processo criativo como algo subjetivo.
Essa visão
não poderia estar mais longe da verdade.
Para que se
promova a inovação, é essencial que se desmistifique os passos que envolvem o
processo criativo. Estimular a criatividade não só é possível para todo tipo de
profissional, como é parte fundamental para solucionar problemas – inclusive,
os organizacionais.
Pensando
nisso, confira, neste artigo, quais são os caminhos e obstáculos que geram o processo
criativo. Acompanhe a seguir.
O QUE É
CRIATIVIDADE?
Antes de
partirmos para os passos e obstáculos do processo criativo em si, é preciso
definir o conceito de criatividade. Criatividade nada mais é do que realizar
algo original com um objetivo em mente. Por isso, a origem de todo processo
criativo está na busca em solucionar um problema. E, seja dentro ou fora do
ambiente de trabalho, 50% a 60% de seu tempo será dedicado a isso.
Dado seu
papel estratégico para gerar inovação e diferenciação e impulsionar o
intraempreendedorismo nas empresas, conforme estudo, a criatividade é a
competência número 1 para o século XXI.
Para que a
criatividade surja, é preciso que o indivíduo tenha a curiosidade despertada
para resolver alguma questão. Com esse gatilho inicial, é preciso ter uma
estrutura para o que será feito. Muitas pessoas naturalmente criativas
provavelmente nem notam, mas existe um método sendo seguido e hábitos que fazem
com que ele flua.
Em um estudo
envolvendo exames de ressonância magnética, neurocientistas descobriram que
áreas cerebrais diferentes são ativadas pela criatividade humana. Quando
pessoas eram perguntadas sobre o uso de diferentes objetos, o processo criativo
passava pelas seguintes redes:
Rede de Modo
Padrão: o “piloto automático” do cérebro, responsável pelas atividades
mecânicas e repetitivas, que muitas vezes fazemos sem dedicar atenção ou maior
foco.
Rede de
Controle Executivo: rede ativada quando é preciso foco, controle e atenção
sobre determinado pensamento.
Rede Saliente:
a ponte entre as duas redes anteriores, conectando e alternando suas
atividades.
Algo curioso
sobre a forma com que o cérebro age em relação à criatividade é que as redes
acima raramente conversam juntas. Afinal, como é possível estar prestando
atenção em algo e não estar ao mesmo tempo? A resposta está justamente na forma
como o processo criativo se dá.
Em um
primeiro momento, necessitamos da Rede do Modo Padrão para agir automaticamente
e ter ideias. Entretanto, é na Rede de Controle Executivo que as ideias são
avaliadas, descartadas e refinadas. E essa comunicação não ocorreria sem a Rede
Saliente, que permite que duas áreas opostas do cérebro entrem em ação ao mesmo
tempo.
No processo
criativo, isso se traduz nas seguintes ações:
Atenção: identificação
de um problema ou uma oportunidade.
Fuga:
pensamento “fora da caixa”, criando novas associações.
Movimento:
exploração da imaginação, gerando novas ideias.
Nesse
contexto, ter um planejamento das atividades necessárias para a inovação é um
esforço voluntário. Agora que você conhece o funcionamento da criatividade, é
hora de conhecer o caminho do processo criativo.
O PROCESSO
CRIATIVO E SEUS PASSOS
Todas as
pessoas têm potencial para exercer sua criatividade. O que a cultura de
inovação faz é, justamente, oferecer todas as ferramentas e os incentivos para
que o processo criativo possa fluir de forma orgânica e organizada.
Os passos do
processo criativo são:
1.
PREPARAÇÃO
Pode-se
chamar a etapa de Preparação de “trabalho” em si. As atividades comuns e
geralmente repetitivas são o primeiro passo. Muitas pessoas esquecem de
considerar atividades mecânicas no processo criativo, quando elas são o embrião
de tudo.
Um
programador escrever um código ou um artista começar um esboço são exemplos desse
primeiro passo.
2. INCUBAÇÃO
O momento em
que as duas redes do seu cérebro se conectam. É o momento em que nasce uma
ideia. Conexões são feitas, ideias são filtradas e outras novas surgem nesse
processo.
Essa etapa
costuma ser negativamente impactada pelas tarefas imediatas do cotidiano. Com
tantas distrações e preocupações, o processo criativo acaba sendo interrompido
nesse ponto.
3.
ILUMINAÇÃO
O estalo que
dá início à inovação do processo criativo. Aquela ideia que, muitas vezes,
surge quando você menos espera.
Esse momento
“eureca” é quando aquela ideia encubada toma forma e a implementação começa a
se estruturar.
4.
IMPLEMENTAÇÃO
Esse é o
processo que as outras pessoas enxergam o profissional, de fato, realizando. É
o texto ou a ilustração sendo feita. É o momento de avaliação e filtragem das
ideias que desencadearão a criatividade em si.
Por ser o
final da etapa, existe uma confusão justamente sobre a visão externa desse
processo criativo. Muitos não reconhecem ou sequer sabem do caminho que foi
realizado para se chegar aqui.
No caso de
ambientes profissionais, isso pode significar prazos irreais ou que não levam
em consideração o processo criativo completo. Profissionais autônomos, por um
distanciamento desse ambiente, acabam sofrendo com essa falha de compreensão do
processo criativo.
OS
OBSTÁCULOS PARA O PROCESSO CRIATIVO
Durante o
processo criativo, existem obstáculos. Como já vimos na etapa de Incubação,
somos expostos diariamente a distrações que impedem que nossa criatividade se
desenvolva de forma fluida. Algumas dessas principais barreiras são:
Falta de
direcionamento: quando se tem o momento de iluminação, é preciso ter objetivos
guiados. De preferência, escritos já com possíveis formas de como agir. A
inovação surge quando se organizam esses insights de forma a solucionar
problemas.
Medo de
falhar: um grande obstáculo do processo criativo é o medo de falhar. Não se
trata da falha em si, mas sim em antecipá-la. Quando se teme um resultado
negativo, o processo criativo sofre, tornando-se ineficiente e, ironicamente,
mais propenso às falhas que a pessoa teme que ocorram.
Medo de
críticas: profissionais desejam ser aceitos pelos outros. Isso acaba gerando o
medo em ter ideias rejeitadas e criticadas. Esse é um grande inimigo da
criatividade, levando a escolhas que evitam a inovação, tentando se adequar a
opções seguras e abaixo do esperado.
Manter-se na
zona de conforto: às vezes, prezar pela consistência pode ser um obstáculo para
o processo criativo. O medo de tentar algo novo acaba limitando o profissional
e afastando-o de ser parte de um processo de inovação pleno.
Passividade:
o pensamento criativo exige proatividade. Ele precisa estar em um ambiente que
desafie o comum, a rotina. Sem que haja um desafio ou algo que estimule o
colaborador, não há como a criatividade ser desenvolvida. Por isso, é preciso
que se estimule o cérebro constantemente com novas informações e ideias.
Tentar
justificar tudo: racionalizar questões, em si, é algo que todos fazemos.
Afinal, é preciso compreender e traduzir para nosso contexto tudo que ocorre.
Porém, fazer com que toda decisão seja acompanhada de seu “porque” pode ser
prejudicial para o processo criativo. Ter uma justificativa pronta impede que o
profissional possa melhorar criativamente em seu ambiente de trabalho.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
A inovação é
resultado de esforço consciente. Quando a criatividade deixa de ser encarada
como algo subjetivo e o processo criativo é praticado, desenvolve-se uma
cultura de inovação.
Nos passos
descritos acima, é comum que as pessoas falhem justamente na preparação e
incubação da ideia. Isso ocorre porque muitos colaboradores não sabem o que os
motiva a ajudarem a empresa. Por isso, é preciso acabar com as barreiras que
fazem a criatividade parecer perda de tempo ou um dom.
O processo
criativo não existe de forma isolada. Para se preparar para o nascimento de uma
ideia, é preciso um equilíbrio entre criação, absorção e associação. Conversar
com outras pessoas interessadas no processo faz com que o processo se desenrole.
Isso envolve, inclusive, gestores e diretores.
É preciso
que o ambiente profissional não se torne um obstáculo para o processo criativo.
Para isso, além de desmistificar a criatividade, é preciso que haja uma cultura
de inovação plena, que ofereça aos colaboradores as ferramentas para que eles
desenvolvam processos para a solução de problemas.
Como sua
empresa promove a criatividade e o processo criativo de seus colaboradores?
Conheça um pouco mais sobre a Economia Criativa e compartilhe sua experiência
nos comentários. Até a próxima!